Debate: Realizadores russos reelegem Nikita Mikhalkov no meio de polémica
Apoios estatais e controlo financeiro do Sindicato de Cineastas Russos
O realizador russo Nikita Mikhalkov ("12","Sol Enganador") vai continuar à frente do Sindicato de Cineastas Russos, posto que ocupa desde 1997. A recondução do realizador não foi simples: ao longo de semanas, a sua sucessão foi complicada por acusações de autoritarismo e abusos financeiros enquanto responsável pela entidade, que gere os subsídios estatais para o cinema. Que, ao que indicam os apoios para 2009, versam sobretudo o patriotismo.
Em Dezembro, parte dos realizadores russos membros do sindicato reuniu-se contra a gestão de Mikhalkov, especialmente no que tocava à gestão dos bens imobiliários da instituição. Nesse congresso foi eleito um novo responsável para o Sindicato de Cineastas Russos: Marlen Khoutsiev, 83 anos, afastado do cargo pela justiça este mês por considerar a eleição inválida. Pouco antes desse congresso de Dezembro, o governo russo tinha anunciado a criação de um novo modelo de gestão dos apoios do Estado ao cinema, no qual o responsável pelo sindicato tem um papel decisivo.
"Por trás deste escândalo sobre a nova direcção do Sindicato esconde-se o problema da distribuição dos subsídios do Estado", explicava o realizador Alexandre Mitta à AFP. É que o responsável pelo sindicato fará parte de um novo organismo, o Conselho Governamental para o Desenvolvimento do Cinema Ruso, que será dirigido pelo primeiro-ministro Vladimir Putin. Para 2009, sabe-se já que o governo russo vai financiar perto de uma dezena de filmes de cariz "patriótico", reminiscente das práticas de apoio artístico da União Soviética e do poder do cinema como arma de propaganda naquele regime.
A maioria dos cineastas (1932 dos 2570 inscritos no congresso extraordinário do sindicato, que decorreu ontem em Moscovo) votou no seu nome para liderar a entidade que representa dos cineastas russos. Mikhalkov, reeleito, discursou emocionado sobre os onze anos que já tem na direcção do sindicato. "Foi uma decisão difícil para mim", disse sobre a aceitação de mais um mandato. E aproveitou para refutar as alegações feitas sobre ele durante o processo de escolha do novo presidente. Uma por uma. O que resultou numa ovação em pé ao realizador.
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